Mulheres, clima e santificação da indiferença

a necessidade de reconstruir o diálogo das relações de poder

  • Valeriana Augusta Broetto Universidade Federal de Santa Catarina
Palavras-chave: Mudanças climáticas, mulheres, relações de poder

Resumo

Quando se analisa pesquisas com diferentes pontos de vista referentes ao discurso sobre mulheres e mudanças climáticas, é possível identificar que há três pilares principais que sustentam essa discussão: a vulnerabilidade, a invisibilização e a virtuosidade feminina. Essas bases fornecidas para o debate são verdadeiras: mulheres são, muitas vezes e em muitos casos, mais vulneráveis que os homens, são também invisibilizadas pela sociedade moderna e são consideradas virtuosas em suas relações com o meio ambiente. No entanto, a questão que resta é até que ponto essas constatações são benéficas às mulheres. Quando se diz que uma mulher é vulnerável, invisível e virtuosa, ela se torna a vítima perante as alterações climáticas de hoje. Quando elas são declaradas vítimas, perdem a possibilidade de tomar frente em discussões que levam  seu nome, o nome da Mulher, pois dependem de heróis, exclusivamente terminados em “óis”, sem chances de tomar suas próprias decisões e pensar em políticas que atendam seus somente por Elas sabidos anseios, sem previsão de heroínas, com “a” no final. No fim das contas, a discussão entre mulheres e clima se fecha no âmbito daqueles que têm capacidade, e frise-se, por vezes somente formal, de serem heróis, e que o fazem com a inserção do discurso “feminizador” da vulnerabilidade e da virtuosidade em documentos sobre mudanças climáticas, deixando a mulher em linhas, papéis e rabiscos, onde podem ser facilmente apagadas, reescritas e transcritas, conforme andem as relações de poder da sociedade. Dito isso, essa pesquisa pretende, para analisar as conexões entre mulheres e mudanças climáticas, partir do pressuposto das relações de poder hoje vigentes, que não se restringem a questões climáticas e ambientais, mas permeiam todas as esferas da vida das mulheres. O estudo valeu-se, então, de método de abordagem dedutivo e de procedimento documental e bibliográfico, partindo de pesquisas exploratórias, sendo consultados artigos científicos com diferentes visões sobre o tema, livros, periódicos e documentos jurídicos, nacionais e internacionais.

Biografia do Autor

Valeriana Augusta Broetto, Universidade Federal de Santa Catarina

Graduanda do Curso de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina. Bolsista de Iniciação Científica em Direito Ambiental. Integrante do Grupo de Pesquisa em Direito Ambiental e Ecologia Política na Sociedade de Risco (GPDA/CNPq). Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

Publicado
01-01-2019